Precisamos de uma internet descentralizada, e Urbit pode ser a solução

Internet descentralizada? Talvez você pense que já temos uma: a internet tradicional. Afinal, ninguém é dono da internet, não existe um agente que a controla e qualquer pessoa pode se conectar.

Bem, isso é parcialmente verdade. Ao longo do tempo, a internet se transformou em um mar de muitas ilhas, onde grandes corporações controlam a maior parte do tráfego e dos dados dos usuários, inclusive vendendo nossas informações.

Um pouco de histórico

Pensando em uma definição bruta, a internet é uma rede global de computadores interconectados que permite a troca de informaçõesentre pessoas de todo o globo. Ela teve início nos anos 1960 como um projeto militar dos Estados Unidos, mas se popularizou nos anos 1990 com a chegada dos browsers e passou por inúmeras transformações nas últimas duas décadas.

Para entender como a internet evoluiu, é importante destacar algumas de suas principais mudanças nos últimos 20 anos:

Acesso à internet: No início dos anos 2000, a internet estava apenas começando a se popularizar. Muitas pessoas ainda dependiam de conexões discadas lentas e caras. Com o avanço das tecnologias de banda larga e a expansão das redes móveis, como 3G, 4G e, mais recentemente, 5G, a velocidade e a qualidade das conexões melhoraram drasticamente. Isso permitiu que um número crescente de pessoas tivesse acesso à internet, especialmente em regiões antes desprovidas de infraestrutura.

Redes sociais: A popularização das redes sociais foi um marco importante na evolução da internet. Plataformas como Facebook, Twitter, Instagram e LinkedIn se tornaram centrais na comunicação e na troca de informações entre pessoas, empresas e instituições. Essas redes transformaram a forma como nos relacionamos, trabalhamos e nos informamos, além de terem gerado debates sobre privacidade e segurança digital.

Dispositivos móveis: A popularização dos smartphones e tablets nos últimos 20 anos revolucionou a forma como interagimos com a internet. Com a miniaturização e a democratização desses dispositivos, a internet se tornou ainda mais acessível, permitindo que as pessoas se conectem a qualquer momento e em qualquer lugar. Isso levou ao surgimento de novas plataformas e serviços, como aplicativos de transporte, serviços de streaming e comércio eletrônico.

homem utilizando dispositivo mobile para acessar a internet

Big Data e Inteligência Artificial: O crescimento exponencial na quantidade de dados gerados e compartilhados na internet nos últimos anos possibilitou o surgimento de tecnologias de Big Data e Inteligência Artificial. Essas tecnologias têm sido utilizadas para melhorar a eficiência e a personalização de serviços online, além de terem implicações em diversas áreas, como medicina, finanças e educação.

Privacidade e segurança: Com a expansão da internet e o aumento da quantidade de dados compartilhados, questões relacionadas à privacidade e à segurança digital se tornaram cada vez mais importantes. Isso resultou em uma maior conscientização sobre a importância de proteger informações pessoais e em medidas regulatórias, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia.

Onde está o problema?

Como já comentamos, a internet deixou de ser um local de conexões pessoa-pessoa e passou a ser um local de conexões pessoa-empresa-pessoa.

Qual a solução?

Muitos projetos como SafeNetwork, Solid, Dfinity, Holochain, IPFS e Helium tentam preencher esse gap entre a conectividade dos usuários, a segurança da informação, privacidade e descentralização. Mas um projeto em especial chamou minha atenção mais do que qualquer outro: Urbit.

Urbit é um projeto que visa criar um novo paradigma na internet, abordando algumas das limitações e problemas que surgiram com a evolução das tecnologias atuais. Trata-se de uma plataforma de computação pessoal e descentralizada que tem como objetivo devolver o controle e a propriedade dos dados aos usuários, além de simplificar a infraestrutura da internet.

A proposta do Urbit se encaixa no contexto atual da internet de várias maneiras:

Descentralização: Urbit busca reverter a tendência de centralização da internet, que levou ao domínio de grandes empresas de tecnologia e à concentração de poder e controle sobre os dados dos usuários. A plataforma Urbit permite que cada usuário tenha seu próprio servidor pessoal, conhecido como “ship”, onde ele pode armazenar e gerenciar seus dados. Isso promove a descentralização e a autossuficiência, tornando os usuários menos dependentes de provedores de serviços centralizados.

ship urbit interconectando agentes

Propriedade dos dados: Na Urbit, os usuários têm total controle e propriedade sobre seus dados. Isso contrasta com o modelo atual, onde os dados são armazenados e controlados por empresas que os utilizam para fins comerciais e de publicidade. A proposta da Urbit visa garantir que os usuários possam decidir como e com quem compartilham suas informações, fortalecendo a privacidade e a autonomia dos indivíduos.

Simplificação da infraestrutura: A internet atual é caracterizada por uma complexa pilha de protocolos e tecnologias que podem ser difíceis de gerenciar e manter. A Urbit propõe uma nova abordagem, com uma arquitetura simplificada e unificada que facilita o desenvolvimento e a manutenção de aplicativos e serviços. Isso pode tornar a computação mais acessível e eficiente para usuários e desenvolvedores.

Interoperabilidade: Urbit busca criar um ambiente onde diferentes “ships” possam se comunicar e interagir de maneira padronizada e simplificada. Isso permite que os usuários compartilhem informações e colaborem entre si de forma mais eficiente, sem depender de plataformas centralizadas.

programador utilizando modularidade para criar apps na urbit

Escalabilidade: A arquitetura do Urbit é projetada para ser escalável, permitindo que a rede cresça e se adapte às necessidades dos usuários e às demandas futuras. Isso contrasta com alguns sistemas centralizados atuais, que podem enfrentar problemas de desempenho e capacidade conforme a quantidade de usuários e dados aumenta.

Entendendo um pouco mais sobre os componentes da Urbit

Entre os principais elementos que compõem a arquitetura da rede P2P Urbit, podemos mencionar:

Arvo: Arvo é o núcleo do sistema operacional do Urbit. É um sistema operacional funcional e determinístico, o que significa que ele produz resultados consistentes a partir de um conjunto específico de entradas. Como o coração do Urbit, o Arvo é responsável por gerenciar todos os aspectos do servidor pessoal do usuário, como armazenamento de dados, gerenciamento de aplicativos e comunicação com outros “ships” (servidores) na rede Urbit.

Hoon: Hoon é a linguagem de programação de alto nível usada para escrever aplicativos e serviços no Urbit. Foi desenvolvida especificamente para o ambiente do Urbit e tem como objetivo ser simples, minimalista e fácil de aprender. Os desenvolvedores usam Hoon para criar aplicativos que funcionam no sistema operacional Arvo e interagem com outros componentes do Urbit.

Nock: Nock é a linguagem de programação de baixo nível do Urbit, usada para definir a semântica do sistema operacional Arvo e da linguagem de programação Hoon. É uma linguagem extremamente simples e minimalista, composta por apenas 12 funções primitivas. Nock serve como a base computacional para todo o ecossistema Urbit, fornecendo uma base sólida e eficiente para a execução de código e processamento de dados.

Stars: Na Urbit, a rede é dividida em várias hierarquias, sendo as Estrelas (Stars) uma delas. As Estrelas são os nós de infraestrutura da rede Urbit, responsáveis por fornecer serviços de roteamento e endereçamento para os “ships” de menor hierarquia, conhecidos como Planetas (Planets). As Estrelas também são responsáveis pela distribuição e atualização do sistema operacional Arvo e outros componentes do Urbit. Além disso, elas podem emitir endereços na rede para os Planetas, desempenhando um papel semelhante a um provedor de serviços de internet (ISP) no modelo atual da internet.

Esses componentes trabalham juntos para criar o ambiente único e descentralizado do Urbit. O SO Arvo fornece o núcleo do sistema operacional, enquanto o Hoon e o Nock oferecem linguagens de programação de alto e baixo nível para criar aplicativos e serviços. As Estrelas atuam como nós de infraestrutura que facilitam a comunicação e a distribuição de recursos na rede. Juntos, eles compõem uma plataforma que busca redefinir a internet, colocando o controle e a propriedade dos dados nas mãos dos usuários.

cidade inteligente interconectada

Fonte: Urbit Guide